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Histórias do Ceará e de Fortaleza: A história do 'Cajueiro da mentira', carnaúbas, baobá: árvores guardam a história e as transformações de Fortaleza - Ceará




O jornal Diário do Nordeste publicou texto recente sobre árvores que marcaram a história de Fortaleza. Ele trouxe a história do icônico "Cajueiro da Mentira". Transcrevemos aqui a importante matéria:



Legenda: Cajueiro da Mentira recebe pessoas em concurso de mentiras em Fortaleza Foto: Fabiane de Paula/Diário do Nordeste


A expansão de Fortaleza envolveu a derrubada de árvores e o plantio de outras que se tornaram marcas da capital cearense – como o ipê, carnaúba e, mais recente, o nim indiano. Algumas delas, ainda, são testemunhas de fatos históricos, como as do Passeio Público; ou são parte da identidade “gaiata” do cearense, como o "cajueiro da mentira", na Praça do Ferreira.

Em Fortaleza, não existem árvores multicentenárias, e isso evidencia a relevância da preservação do patrimônio histórico e ambiental. “Não temos uma natureza hereditária que os antepassados mais antigos deixaram como herança, mas há uma construção a ser feita”, analisa o historiador P.A. Damasceno.

Um exemplo da falta de cuidado com esse tipo de riqueza da cidade é o "cajueiro da mentira", que fica ao lado da Coluna da Hora, na praça-coração do Centro de Fortaleza. Por volta de 1870, os participantes da Padaria Espiritual resolveram criar uma disputa de mentiras sob a copa da árvore, o que se tornou evento e tradição. Em 1920, porém, a árvore foi cortada.




Legenda: Placa detalha o contexto histórico do cajueiro da mentira Foto: Fabiane de Paula/Diário do Nordeste


"Uma árvore muito famosa era o cajueiro da mentira, onde se estabeleceu o hábito de, no dia 1º de abril, fazer o concurso de maior 'potoqueiro' do Ceará. Derrubaram em uma das reformas da praça, e quando o Fausto Nilo fez outra reforma, foi plantado outro cajueiro no lugar", contextualiza P.A.

Esse resgate, há pouco mais de 30 anos, fez com que a tradição voltasse a acontecer, organizada pela Associação dos Humoristas Cearenses. Dessa vez, a árvore ganhou não apenas novo solo, como um guardião: Francisco Cornélio, de 45 anos, conhecido nos quatro cantos da praça como o maior conhecedor do cajueiro.

"A população se reunia para contar mentiras, os potoqueiros, aí um político com raiva cortou o cajueiro. Quem ganhava o concurso de mentiras ficava com a foto exposta na árvore por 1 ano. O 1º lugar ganha R$ 1, o 2º lugar é R$ 0,50 e o 3º lugar ganha R$ 0,25", detalha.





Legenda: Francisco se considera o guardião do cajueiro da mentira Foto: Fabiane de Paula/Diário do Nordeste


Além de guardar veículos no Centro, Cornélio fica atento para que ninguém prejudique a árvore, evita que as formigas destruam as folhas e ainda aduba o cajueiro que se tornou um companheiro há quase 35 anos.

Perto dali, no Passeio Público, um decreto municipal determinou que 10 árvores são impedidas de cortes e grandes modificações. Uma delas ganha destaque por ter sido plantada pelo Senador Pompeu, em 1910: o baobá.

As árvores do local estão enraizadas em solo histórico. A Praça dos Mártires, como também é chamado o local, é a mais antiga praça da cidade, onde foi proclamada a República no Ceará e ainda foi palco de execuções.


Legenda: Baobá histórico plantado na Praça dos Mártires, popular Passeio Público Foto: Ismael Soares


"Tinha-se a ideia de que (o local das execuções) tinha sido no baobá, mas não temos esse registro, até porque foi por fuzilamento e ali era o campo da pólvora. E não tinha aquele tipo de arborização, que foi feito após 1824, quando houve uma reurbanização ali", detalha o historiador.

Para o ele, outro conjunto de árvores representa um momento importante de Fortaleza: as árvores da avenida Dom Manuel, via que nasce no bairro José Bonifácio e segue até a Praia de Iracema. Por lá, quem se aproxima da praia, cruza as plantas que se encontram e formam uma sombra agradável na cidade afligida pelo calor.

Foi justamente essa, inclusive, a ideia durante a reforma proposta por Silva Paulet, no fim do século XIX. "Aquelas árvores marcam um estilo urbanístico, com uma via de duas mãos e para permitir a lógica do flanar", recobra P.A.





Legenda: Árvores formam "túnel" e sombreiam a Avenida Dom Manuel Foto: Ismael Soares


Árvores que se disseminam

Aos meses de setembro, a presença deles é certa: sejam amarelos, sejam rosas; sejam na avenida Domingos Olímpio, na Virgílio Távora; os ipês florescem e tornam os canteiros da cidade mais bonitos.

O ipê-amarelo, aliás, foi definido como Árvore Símbolo de Fortaleza, conforme o Decreto n° 14.944, de março de 2021, após uma consulta pública e de acordo com os princípios de preservação e conservação ambiental estabelecidos na Política Municipal do Meio Ambiente da cidade.

Essa simbologia, no entanto, é algo recente na história da capital cearense. "Essa foi uma escolha na administração Juraci (Magalhães, ex-prefeito de Fortaleza), quando foram colocados na Domingos Olímpio. E essa é uma tradição construída”, analisa P.A.




Legenda: O Ipê pode atingir 20 metros de altura Foto: José Leomar/Diário do Nordeste


Algumas árvores na cidade, por outro lado, geram polêmicas pela questão ambiental, como aconteceu à época da construção do Viaduto da Engenheiro Santana Júnior, no bairro Cocó, momento em que se discutiu a derrubada das castanholeiras por não serem espécies nativas.

“Se criou a guerra das castanholeiras, mesmo tendo 50 anos de existência, por que preservar? Há uma discussão forte de como lidar com o ambiente a partir da ação antrópica”, completa P.A.


O Parque do Cocó em si é uma discussão da ação antrópica muito forte, há poucas décadas tudo ali era uma salina, tudo é reflorestamento. Hoje é natural para muita gente, porque as tradições parecem antigas P.A. Damasceno Historiador

Algo semelhante acontece com a espécie nim indiano, derrubada de alguns espaços da cidade por ser uma planta invasora, mas que se tornou “a cara da periferia de Fortaleza”, como observa P.A.

"A gente não tem um conhecimento acerca da história e da lógica ambiental, o que faz com que a gente faça escolhas equivocadas e não tenha a compreensão exata da nossa natureza", acrescenta.

Crédito: Matéria do Diário do Nordeste de 28/01/2024

 
 
 

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